CBD: tendência mundial e poder para o tratamento de pets

O CBD – ou canabidiol – vem sendo estudado há décadas como um poderoso aliado de tratamentos contra dor e problemas ligados ao sistema nervoso central. Para pets os estudos também apontam para vários benefícios, e incontáveis produtos tem surgido no mercado internacional.

Cão tomando óleo de CBD, canabidiol, no conta-gotas

Inflamações A simples menção ao CBD causa nos menos conhecedores uma associação comum: como assim usar maconha para tratar a saúde? Já em 2015, tive a oportunidade de ver na Global Pet Expo, maior feira pet dos Estados Unidos, o nascimento da tendência dos produtos à base de CBD para tratamento de cães e gatos. No final do mês de março, em uma Global Pet Expo que aconteceu totalmente no âmbito digital, pude ver uma gama imensa de produtos com o ativo na formulação. Então vamos explicar o que é isso.

Antes de mais nada, um pouco de informação geral: CBD – ou canabidiol – é um composto encontrado na planta Cannabis Sativa, nome científico da maconha. O extrato, entre outros 540 compostos químicos encontrados na planta, tem sido usado como medicamento no tratamento da epilepsia, tem propriedades anti-inflamatórias, ansiolíticas e até antitumorais. O nome da substância vem do fato de ela agir sobre os receptores canabinóides do cérebro. O óleo extraído da planta não tem efeitos psicotrópicos ou psicoativos – ou seja, não “dá barato” – pois não possui o canabinóide delta-9-tetrahidrocanabiol, conhecido como THC.

O CBD para humanos

Em 2013, o CBD ganhou destaque na mídia, quando Paige Figi, mãe de Charlotte Figi, passou a usar a substância para tratar as crises convulsivas de sua filha, então com 5 anos. Na época, a menina tinha cerca de 300 crises por semana – uma a cada 30 minutos –, usava um tubo para se alimentar, e andava de cadeira de rodas. A coragem da mãe, que enfrentou o repúdio da sociedade, teve o resultado esperado: Charlotte passou a ter algo como uma convulsão ao mês, tirou o tubo de alimentação ao recobrar a capacidade de engolir, saiu da cadeira de rodas, e levou uma vida normal. Até abril de 2020, quando morreu em decorrência da covid-19. Muito, muito triste… mas a experiência de Paige e Charlotte abriu caminho para maiores pesquisas e avanços sobre o uso medicamentoso do CBD.

Charlotte Figi, a menina com epilepsia que foi tratada com CBD, canabidiol
Charlotte Figi, andando sem a cadeira de rodas graças ao CBD, em 2014.

Como o CBD age?

Como já foi dito, o CBD não causa os mesmos efeitos da maconha. O cérebro humano possui receptores específicos para diversas substâncias chamadas de endógenas, ou seja, produzidas pelo próprio corpo. Dentre esses receptores, estão os canabinóides, chamados de CB1 e CB2. Quando uma substância tem afinidade com esses receptores, eles são ativados. É o caso entre o THC e o CB1, o que causa o efeito psicotrópico associado ao uso da maconha. Ao contrário do THC, o CBD é um antagonista dos receptores canabinóides, ligando-se a eles, ocupando o espaço sem ativá-los, e impedindo que outras substâncias com afinidade os ativem (neuroproteção). O CBD também pode se ligar a outros receptores, como o 5-HT1A, que é receptor do neurotransmissor serotonina. O metabolismo da serotonina está intimamente ligado ao humor e depressão, o que pode explicar os efeitos antidepressivos, ansiolíticos e neuroprotetores do CBD.

Os efeitos benéficos do CBD sobre o organismo

Dentre os efeitos mais conhecidos do CBD sobre o organismo, podemos listar:

Efeito anticonvulsivante

Reduz as convulsões causadas por doenças como a epilepsia, pois acalma a atividade química e elétrica do organismo.

Efeitos neuroprotetores

Os efeitos neuroprotetores estão intimamente ligados às propriedades anti-inflamatórias do CBD. Isso pode ter efeitos positivos no tratamento de doenças como Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla, e na neurodegeneração causada pelo consumo excessivo de álcool e drogas.

Efeitos ansiolíticos

Estudos apontam que o CBD é capaz de abaixar a frequência cardíaca e a pressão sanguínea, além de regular as funções cerebrais, tendo efeito calmante. Essas propriedades tem resultados benéficos sobre depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, ataques de pânico, stress pós–traumático, insônia e doenças mentais variadas, entre outras condições que afetam o sistema nervoso central.

Efeitos analgésicos

O efeito calmante do CBD, aliado a propriedades ansiolíticas, traz o alívio de dores e a consequente melhora da qualidade de vida do paciente. A diminuição da dor promove bem-estar, o paciente se alimenta melhor, e o organismo ganha forças para se recuperar. Entre as doenças tratadas com resultados positivos, está a temida fibromialgia. Pacientes com câncer tem recebido CBD contra dor, náusea e para conter os efeitos negativos da quimioterapia.

Efeitos anti-inflamatórios

A princípio, inflamações em órgãos e tecidos são responsáveis por grande parte das doenças que enfrentamos. O CBD tem a capacidade de combater inflamações, com efeitos benéficos sobre doenças graves, como a Doença de Crohn, uma inflamação do sistema digestivo que pode ser fatal. Aliás, perdi uma grande amiga e mestra para essa doença há alguns anos. Ela teria amado ver o que eu conquistei com o It Pet…

Efeitos antitumorais

Estudos feitos em laboratório sugerem que o CBD tenha ação na redução de tumores, diminuição da sua taxa de crescimento e na inibição da metástase.

Os efeitos colaterais e contraindicações

Uma das grandes qualidades do CBD é a pouca frequência de efeitos colaterais da substância sobre o organismo. Entre eles, estão:

  • Queda de pressão
  • Tontura e sonolência
  • Boca seca
  • Interações medicamentosas com remédios metabolizados pelo fígado

E entre as contraindicações, então:

  • Mulheres grávidas ou lactantes
  • Pacientes de doenças hepáticas
  • Pacientes alérgicos ao CBD

Frente aos benefícios, os efeitos colaterais e contraindicações são muito mais administráveis e contornáveis do que muitos medicamentos as pessoas tomam diariamente sem qualquer controle, como a Dipirona. Você já leu a bula?

CBD para pets

O uso do CBD para pets tem avançado quase tanto quanto o uso em humanos, com resultados animadores. O metabolismo dos mamíferos é bastante semelhante entre espécies, portanto cães, gatos e cavalos tem o mesmo mecanismo de receptores canabinóides no cérebro que nós temos. Assim, os efeitos esperados do CBD são parecidos.

As indicações são:

  • dores localizadas e crônicas, problemas articulares e de mobilidade;
  • inflamação;
  • diminuição dos efeitos da quimioterapia;
  • medo, ansiedade e stress;
  • alterações de comportamento, como agitação e agressividade;
  • regulação de apetite;
  • regulação do sistema endócrino;
  • reforço do sistema imunológico.

Os produtos são variados: além do óleo, podemos encontrar tinturas, petiscos, suplementos, alimentos e pomadas, para diversas aplicações diferentes. Isso nos Estados Unidos e na Europa. Entretanto, por aqui, ainda não…

Como obter medicamentos à base de CBD para o seu pet

Aqui no Brasil as coisas estão progredindo, ainda que lentamente: em 2015 a ANVISA retirou o CBD da lista das substâncias proibidas, passando para a lista de substâncias controladas, ou seja, que exigem receita médica para importação e uso.

É preciso que o médico veterinário forneça um laudo e uma receita médica, para que então se possa buscar o produto correto.

Em minhas pesquisas, encontrei um site bastante interessante e promissor, o Linha Canabica, marca encabeçada pela biomédica Dra. Barbara Arranz. Ela, assim como Paige Figi, buscou na Cannabis a cura para seu filho, diagnosticado com Síndrome de Asperger. Vale a pena conferir e acompanhar os produtos que ela vem lançando. Lá ela oferece uma ampla gama de informações e orientações valiosas, inclusive sobre o uso com pets. Mas atenção àquilo que eu sempre digo: não dê nada ao seu pet sem consultar um veterinário. Há muitos excelentes profissionais por aí que acreditam no CBD como eu, e que podem te orientar. Em tempo: não sou veterinária, sou uma mãe de pet que estuda muito, sempre.

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