Os carrapatos são parasitas comuns em ambientes rurais e urbanos, e são uma preocupação constante para a saúde dos nossos pets. As praças e ruas de grandes cidades como São Paulo escondem os bichos, que estão sempre aguardando suas próximas vítimas. Portanto, não é um problema apenas daqueles animais que estão em fazendas, sítios, casas de campo. O que se chama popularmente de doença do carrapato, na verdade, engloba um grupo de diferentes doenças que podem afetar cães e gatos após uma simples picada desses aracnídeos. Mas não é só isso. Há muita informação nova, que pouca gente sabe.
Tipos de doenças do carrapato
Existem três tipos de doenças do carrapato que podem afetar os pets: a erliquiose, a babesiose e a doença de Lyme. Cada uma delas é causada por organismos diferentes, transmitidos através da picada, quando os parasitas sugam o sangue do animal para se alimentar.
A erliquiose é causada por bactérias do gênero Ehrlichia, que infectam as células sanguíneas do animal, causando uma série de sintomas que vão desde febre e letargia até problemas mais graves como sangramento nasal e dificuldade respiratória.
Já a babesiose é uma doença provocada por protozoários do gênero Babesia, que invadem os glóbulos vermelhos do sangue do animal, causando anemia, febre, letargia e, em casos mais graves, insuficiência renal.
Por fim, a doença de Lyme é uma condição causada pela bactéria Borrelia burgdorferi, transmitida pelo carrapato do tipo Ixodes. Se não tratada, pode levar a sintomas como claudicação intermitente, febre, inchaço das articulações e, em estágios avançados, problemas cardíacos e neurológicos.
Não apenas carrapatos
Para começar, muita gente ouviu falar e ainda acredita que o único carrapato vetor dessas doenças é o carrapato-estrela, ou Amblyoma cajennense. Mas não é assim. O carrapato-marrom, ou carrapato-do-cachorro, ou Rhipicephalus sanguineus, o mais comum de todos os carrapatos, é o mais encontrado em áreas urbanas, e transmite sim, como veremos a seguir. Mas não pára por aí.
Pesquisas recentes têm sugerido a possibilidade de transmissão da erliquiose por pulgas. Um estudo realizado por Kidd et al. em 2017, intitulado “Evidence for the Role of Amblyomma Americanum as a Vector for Ehrlichia chaffeensis”, examinou a transmissão de Ehrlichia chaffeensis, uma espécie relacionada à Ehrlichia canis, por carrapatos e pulgas. Embora o estudo se concentre principalmente na transmissão por carrapatos, ele também menciona a possibilidade de pulgas como vetores potenciais para a doença.
Além disso, um estudo conduzido por Savage et al. em 2018, intitulado “First Detection of Ehrlichia canis in the Natural Flea Population of a Canine Murine Typhus Focus in Mexico”, encontrou evidências da presença de Ehrlichia canis em pulgas coletadas em áreas onde a erliquiose é endêmica. Embora este estudo se concentre na detecção da bactéria em pulgas, sugere uma possível associação entre as pulgas e a transmissão da erliquiose.
Esses estudos indicam a importância de considerar não apenas os carrapatos, mas também as pulgas, como possíveis vetores, destacando a necessidade de medidas preventivas abrangentes para proteger os cães contra essa doença.
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas da doença do carrapato em pets podem variar de acordo com o tipo de doença e o estágio da infecção. No entanto, é comum observar sinais como febre, letargia, perda de apetite, inflamação nas articulações, sangramento e dificuldade respiratória.
O diagnóstico dessas doenças geralmente é feito por um veterinário, através de exames de sangue específicos que detectam a presença de anticorpos ou do próprio organismo causador da doença.
A erliquiose é a mais comum em cães, e é uma doença séria. Os carrapatos, especialmente o Rhipicephalus sanguineus, podem transmitir a bactéria Ehrlichia canis, causadora da erliquiose. Esta doença pode levar a sintomas como febre, letargia, perda de apetite, sangramento, entre outros, e se não for tratada adequadamente, pode ser fatal para os cães.
Realizar exames de erliquiose em cães é importante para diagnosticar a doença precocemente, permitindo um tratamento eficaz e aumentando as chances de recuperação. Além disso, como mencionado, estudos também indicaram que as pulgas podem transmitir a erliquiose, destacando ainda mais a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. Atualmente há testes rápidos para a detecção da erliquiose, realizados com uma mínima quantidade de sangue. Vale a pena investir.
Aliás, consultas e exames de rotina são de suma importância para manter a saúde do seu pet em dia. Veja só esse artigo sobre a importância do check-up periódico para monitorar a saúde dos nossos pets, abrindo a possibilidade de diagnóstico precoce.
Pesquisas recentes têm demonstrado a importância de monitorar e proteger os cães contra carrapatos e pulgas, não apenas pela saúde do animal, mas também para evitar a transmissão de doenças para outros animais e até mesmo para os humanos.
Tratamento e cuidados veterinários
O tratamento da doença do carrapato em pets geralmente envolve o uso de antibióticos, medicamentos antiparasitários e terapias de suporte, dependendo do tipo e da gravidade da infecção. É fundamental seguir as orientações do veterinário e administrar os medicamentos conforme prescrito, além de manter um acompanhamento regular para monitorar a recuperação do animal.
Em casos mais graves, pode ser necessário internar o pet para monitorização e tratamento intensivo, especialmente se houver complicações como anemia severa ou comprometimento de órgãos vitais.
Prevenção da doença do carrapato
A prevenção é a melhor forma de proteger os pets contra a doença do carrapato. Algumas medidas simples podem ajudar a reduzir o risco de infestação e infecção:
Uso de produtos repelentes e acaricidas: Existem diversos produtos disponíveis no mercado, como coleiras, sprays e medicamentos tópicos, que ajudam a repelir e matar carrapatos. Consulte sempre um veterinário para escolher o produto mais adequado para o seu animal.
Verificação regular: Faça inspeções periódicas no pelo do seu pet em busca de carrapatos. Preste atenção especial em áreas como orelhas, patas, axilas e região genital.
Ambiente limpo: Mantenha o ambiente onde o animal vive limpo e livre de carrapatos. Isso inclui a limpeza regular do quintal, a lavagem frequente da roupa de cama do pet e o controle de carrapatos em áreas externas.
Além dos produtos alopáticos presentes no mercado, há muitos produtos naturais que podem ser usados na prevenção a pulgas e carrapatos. Por exemplo, os produtos à base de óleo de Neem, Erva de Santa Maria e Citronela. Escolha o que mais combina com a filosofia de cuidados que você usa com seu pet. O importante mesmo é prevenir sempre!